Uma solução aristotélica para o paradoxo do mentiroso em "Metafísica" IV, 8



Document title: Uma solução aristotélica para o paradoxo do mentiroso em "Metafísica" IV, 8
Journal: Veritas (Porto Alegre)
Database: CLASE
System number: 000412034
ISSN: 0042-3955
Authors: 1
Institutions: 1Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Filosofia, Florianopolis, Santa Catarina. Brasil
Year:
Season: Sep-Dic
Volumen: 58
Number: 3
Pages: 429-466
Country: Brasil
Language: Portugués
Document type: Artículo
Approach: Analítico
English abstract It is commonly accepted nowadays that Aristotle would not have faced or seriously tried to solve the famous paradox of the Liar, although it has been formulated by Eubulides of Miletus, a member of the Megarian school and philosophical rival of Aristotle. At most, so says the traditional view, he just seems to make a mention of this paradox in Sophistical refutations, Chapter 25, perhaps outlining their solution. My intent in this article is to challenge this general view showing the Stagirite provides an implicit explanation for two versions of the Liar paradox, namely the self-referential version (which can be presented by the statement “this statement is false”) and anaphoric version (which can be presented by means of two mutually related statements: “the next statement is true” and “the previous statement is false”). My claim is that the Aristotelian solution to these two versions of the paradox lies at the core of his refutation of two theses, which I called as synalethia thesis (which holds that every statement is true) and as sympseudia thesis (which holds that every statement is false). Such a refutation is performed on the eighth chapter of the fourth book of Metaphysics, a text hitherto underestimated by modern interpreters, even though the final part of one of the most important writings of Aristotle. Aristotle’s solution, so I contend, is carried out through the following principles: (i) any statement is always preceded by a truth operator of the form ‘it is true that...’, i. e. every statement, whatever else it can declare, primarily asserts its own truth, and in accordance with the above principle (ii) any statement that asserts its own falsity or entails the truth of its contradictory is necessarily false. Through these principles, Aristotle’s refutation of synalethia and sympseudia is successful. I shall show that we obtain a good solution to the versions of the Liar mentioned
Portuguese abstract É comumente aceito, atualmente, que Aristóteles não teria enfrentado ou tentado seriamente resolver o famoso paradoxo do mentiroso, embora ele tenha sido formulado por Eubúlides de Mileto, membro da escola megárica e rival filosófico de Aristóteles. No máximo, assim reza a visão tradicional, ele parece apenas fazer uma menção desse paradoxo nas Refutações sofísticas, Capítulo 25, talvez esboçando a sua solução. O meu intento, no presente artigo, é desafiar essa opinião geral mostrando que o Estagirita fornece uma explicação implícita para duas versões do paradoxo do mentiroso, a saber, a versão autorreferencial (que pode ser apresentada pela declaração: “esta declaração é falsa”), e a versão anafórica (que pode ser apresentada por meio de duas declarações mutuamente referentes como estas: “a próxima declaração é verdadeira” e “a declaração anterior é falsa”). A minha alegação é que a solução aristotélica para essas duas versões do paradoxo encontra-se no núcleo de sua refutação de duas teses, as quais denominei como tese da synalethia (que defende que toda declaração é verdadeira) e como tese da sympseudia (que defende que toda declaração é falsa). Tal refutação é realizada no oitavo capítulo do quarto Livro da Metafísica, um texto até agora subestimado pelos intérpretes modernos, mesmo sendo a parte final de um dos mais importantes escritos de Aristóteles. A solução aristotélica, assim defendo, é levada a cabo por meio dos seguintes princípios: (i) toda declaração é sempre precedida por um operador de verdade da forma ‘é verdade que...’, ou seja, toda declaração, qualquer que seja o que ela possa declarar a mais, primariamente assevera a sua própria verdade; e, em conformidade com o princípio anterior, (ii) toda declaração que assevera a sua própria falsidade ou acarreta a verdade de sua contraditória é necessariament
Disciplines: Filosofía
Keyword: Lógica,
Metafísica,
Doctrinas y corrientes filosóficas,
Historia de la filosofía,
Paradoja del mentiroso,
Aristóteles,
Filosofía griega,
Verdad,
Falsedad,
Enunciados,
Argumentos,
Aporía,
Solución,
Eubulides de Mileto,
Epiménides de Cnosos
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