Revista: | Elisee : Revista de geografia da UEG |
Base de datos: | |
Número de sistema: | 000594792 |
ISSN: | 2316-4360 |
Autores: | Souza, Murilo Mendonça Oliveira de1 Junior de A. F. Gonçalves, Ricardo1 Talga, Dagmar Olmo2 |
Instituciones: | 1Universidade Estadual de Goiás, 2PPGHDL/FFLCH/USP, |
Año: | 2024 |
Volumen: | 13 |
Número: | 1 |
Paginación: | 1312400-1312400 |
País: | Brasil |
Idioma: | Portugués |
Resumen en portugués | Como a geografia se comunica e qual a geograficidade da comunicação? Não temos resposta para tal questão, ou melhor, partindo de uma perspectiva dialética, temos uma diversidade de possíveis repostas, múltiplas e fragmentadas. no sentido de juntar alguns elementos deste mosaico explicativo que apresentamos o dossiê temático Geografia e Comunicação. A relação entre geografia e comunicação abrange desde linguagens simbólicas que incluem, por exemplo, as pinturas corporais indígenas, as danças tradicionais quilombolas, a cultura camponesa, até uma análise da sociedade em rede e da grande mídia, além da era da informação instantânea, com as novas tecnologias, a internet, a mídia digital e as novas redes sociais implicadas no capitalismo de plataforma. (Srnicek, 2017). Os povos indígenas tem a arte como elemento cultural essencial. Mas, tal elemento não está desconectado dos processos de comunicação. O artesanato, os adornos e a pintura corporal comunicam seus clãs, seus rituais, suas lutas, sua relação orgânica com a natureza, sua cosmovisão. A pintura corporal entre o Povo Boe (Bororo), por exemplo, define a divisão clânica e, por consequência, define a organização espacial das aldeias e territórios. Contudo, a linguagem artística da pintura, com outros sentidos e significados, de resistência e protesto, também está refletida no grafismo em territórios urbanizados.Os processos de comunicação de massa, no entanto, passaram por transformações amplas na última metade deste século. Primeiro com a grande mídia, estruturada para atender aos interesses dos agentes dominantes, que influenciou e continua a influenciar diretamente a configuração e a dinâmica dos territórios, criando padrões de comportamento e garantindo o controle social. Quem controlou a grande mídia controlou a geração e circulação de informações e, por consequência, deteve o poder político e econômico global.Nas últimas décadas, o advento da internet, solidificando uma sociedade da informação, tem estabelecido uma rede com novas e dominantes formas de produção de conteúdo e compartilhamento de informação. Manuel Castells (1999) já chamava a atenção, a mais de duas décadas, para a importância da internet, que não deveria ser considerada uma mera tecnologia, visto que passou a influenciar amplamente a cultura e a vida cotidiana da sociedade, passando a definir, controlar e conectar os diferentes territórios e seus usos. Neste sentido, além da população perder a socialização no mundo real, e não estar estabelecido que as tecnologias sejam consideradas como bem comum a todas e todos, as Big Techs (Apple, Google, Facebook, Amazon e Microsoft etc.), reafirmam e promovem as desigualdades e a exclusão social e digital mundial, direcionando exclusivamente as tecnologias para seus interesses privados de lucro e poder.Como a geografia tem estudado e poderia analisar a comunicação a partir desse novo contexto histórico e espacial, sem perder a perspectiva de autonomia e resistência dos povos e grupos sociais subalternizados? E, ou uma comunicação intercultural com diferentes saberes e visões? Um passo nesse sentido foi dado por Jesus Martin-Barbero (2000; 2003), quando destaca a necessidade de compreendermos a comunicação como um fenômeno complexo, constituída em Ecossistemas Comunicativos cultural e socialmente estabelecidos. As informações na era da internet seriam, nessa perspectiva, acessadas de forma fragmentada e constituiriam um mosaico de saberes.Não havendo pluralidade e diversidade de ideias e sentidos em circulação no território, limita-se a possibilidade de criar, a partir dos lugares, projetos diferentes daqueles que atendem aos interesses dos agentes dominantes. (Pasti, 2018, p. 23).O território, nesse sentido, torna-se elemento essencial para a construção de processos comunicativos mais democráticos e libertadores. A comunicação não acontece no vazio, ela necessita de um território para se efetivar. Portanto, a geografia torna-se instrumento essencial para a compreensão crítica da sociedade em rede e da era da informação instantânea. Ela possibilita, ainda, o entendimento da espacialização das tecnologias, das informações e das estratégias de extração do olhar e dos dados pessoais pela superindústria do imaginário (Bucci, 2021).Sendo assim, com este dossiê temático esperamos que a pesquisa crítica no campo das interpretações geográficas fortaleça o diálogo com a comunicação e as múltiplas linguagens que constituem a densa experiência humana na relação com os territórios. |
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